Por Denis Luciano - denis.luciano@engeplus.com.br
Em 18/11/2017 às 09:45O surf de Santa Catarina nasceu ali, entre as ondas que batem no Canto da Vila, entre as ilhas de Santana de Dentro e Santana de Fora. Circuito obrigatório para quem passeia pelo litoral sul, a Praia da Vila oferece um mix curioso em seus três quilômetros de faixa de areia no Centro de Imbituba. Do rochedo que faz o point do acolhedor lugar, a visão deslumbrante do mar partilha com a economia. Logo ali, os contêineres empilhados anunciam o vai e vem de cargas no importante vizinho, o Porto de Imbituba.
“Você é de onde?” A simpática voz da dona Célia vem do encontro em uma das trilhas que levam ao caminho até o farol, outro roteiro imprescindível para quem visita aquele recanto. Imbitubense apaixonada, é ela quem, nas suas casas de aluguel, abriga os tantos visitantes que procuram o sossego e as belezas da Praia da Vila. “Vem muita gente de Criciúma para cá”, conta. “E gaúchos também, muitos gaúchos”, completa.
Depois da breve conversa, dona Célia parte para sua corrida matinal na orla. O cenário não poderia ser mais agradável, com o frescor da praia e a areia solada pela água do mar que encosta suavemente. E chegar e sair da praia é fácil, com as passarelas de madeira tratada que fazem a ligação com a bonita avenida que circunda o lugar, aparelhada com uma larga e bem cuidada ciclovia, com lixeiras, deques para convivência e a iluminação dos postes estilizados.
Tanto no contorno metálico dos postes quanto em um médio monumento de concreto à beira mar, estão outra referência da Vila e da região: a baleia franca. Ela está nas placas, nos anúncios comerciais e no cuidado e memória das histórias dos nativos.
Nativos que tiram do mar o sustento e, enquanto o fazem, proporcionam bonitas cenas de encontro do meio ambiente, do espaço bem cuidado com o mar. O pássaro, dos tantos que por ali migram e se alimentam, monta guarda perto do pescador que lança a rede sem se importar com a onda que, às vezes severa, o castiga molhando-o.
Bem no Canto da Vila, como chamam o lugar, a trilha não muito estreita recebe jovens que pintam seus nomes de casais e amores nas pedras, e recebe famílias que serpenteiam o morro até alcançar as pedras, algumas pontiagudas, em busca do visual. Tem até piscina natural, da água que bate, sobe a encosta e se abriga nos pontos mais baixos. É possível passear sobre as pedras e contemplar as ilhas, Santana de Dentro, às vezes acessível a pé quando a maré baixa, e Santana de Fora.
Esse complexo de mar e pedras forma o cenário ideal não apenas para o surf. Enquanto observávamos o bonito cenário, dois se aventuravam em avançar mar adentro com suas pranchas, encarando o mar revolto em busca do ponto ideal para o retorno à praia deslizando sobre as ondas.
Tudo é bem cuidado na Praia da Vila. Não há nada depredado e as placas parecem ser respeitadas, tanto a que indica a proibição de carros na orla – durante a visita flagramos apenas o dos Bombeiros, que realizam algum treinamento com seus guarda vidas – e de animais. Ah e o acesso à praia é garantido também para quem tem alguma limitação, em projetos que usam uma rampa concretada para fazer chegar cadeirantes na costa.
O cuidado com o meio ambiente não está apenas na limpeza e na devoção dos pescadores e do povo à baleia franca. As placas indicam a área de preservação permanente de dunas e vegetação de restinga e ostentam, com orgulho, a balneabilidade garantida.
Se santo de casa faz milagre, eis um destino que todo sul catarinense precisa colocar na sua agenda: a Praia da Vila.
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