Por Laura Bazzei - laura.bazzei@engeplus.com.br
Em 28/11/2024 às 14:31O amor por um esporte artístico levou Fernanda Amaral a criar sua própria escola de patinação. Intitulada 'Fernanda Amaral Patinação', a instituição carrega o nome de sua fundadora, que se dedica a ensinar a patinação artística sobre rodas. Atualmente, a escola conta com 115 alunos, entre crianças e adultos de diferentes idades. Na região Sul de Santa Catarina, as aulas são oferecidas em cinco cidades: Araranguá, Criciúma, Nova Veneza, Orleans e Urussanga. A equipe da escola é composta por duas professoras e quatro monitores, que auxiliam no desenvolvimento dos alunos.
Fernanda foi inserida no universo da patinação aos 11 anos, quando ganhou patins de sandália da madrinha e começou a praticar no pátio de casa. Aos 16 anos, com o primeiro salário, comprou patins melhores, mas ainda não tinha condições de pagar por aulas. Sem o apoio da mãe no esporte, ela se aventurou sozinha, treinando em uma pista pública de patinação no Parque Marinha do Brasil, em Porto Alegre.
A dedicação foi interrompida aos 19 anos, mas a paixão pela patinação renasceu aos 24, após o nascimento do filho. "Voltei a patinar, e dessa vez eu podia pagar uma aula e comprar patins melhores. Foi aos 26 anos que participei do meu primeiro campeonato. E aí eu comecei a fazer aula e não parei mais de patinar”, recorda.
A trajetória de Fernanda no mundo da patinação ganhou um novo capítulo quando ela se mudou para Santa Catarina há 15 anos. Apaixonada pelos campeonatos e pelo trabalho em equipe, começou a dar aulas em Florianópolis. Motivada por essa paixão, ela decidiu investir na sua formação acadêmica, fazendo duas graduações em Educação Física e buscando aprender a parte técnica. "Fiz vários cursos na Argentina e com a equipe italiana para aprender e me capacitar como professora", compartilha.
Há quase dez anos, Fernanda se dedica integralmente às aulas de patinação. Com um método de ensino único, a professora acredita que o primeiro passo para o sucesso no esporte é o encantamento. "Meu objetivo não era pegar uma criança ou um adulto e dizer, 'você tem que ser atleta'. Primeiro, você tem que se apaixonar pelo esporte", explica.
A gaúcha reflete que após a paixão, é possível definir o que o aluno deseja ser, seja atleta, patinador de rua, de apresentações ou até mesmo patinador de shows. A formação emocional do aluno vem antes do treinamento técnico. Com esse método, Fernanda sentiu que poderia fazer mais, então resolveu abrir sua própria escola em Palhoça.
Conforme Fernanda, as aulas seguem a metodologia do ‘Patins Encantado’ em que o recurso da ludicidade é utilizado para tornar o aprendizado mais leve e envolvente. Ela explica que, ao contrário das aulas técnicas da sua geração, que poderiam ser cansativas e desinteressantes, o foco é criar um ambiente que desperte o encantamento do aluno. “Tem que fazer primeiro o aluno se apaixonar, para depois ver o que ele busca”, destaca.
A abordagem lúdica, que ela descobriu há cerca de quatro anos, tem se mostrado eficaz para alunos de todas as idades, incluindo adultos. Segundo ela, a metodologia traz resultados significativos, já que transforma a aula em uma experiência prazerosa.
A professora também comenta as críticas de colegas que os acusam de dar "aulas de brincadeira". No entanto, ela esclarece que existe uma diferença fundamental entre "aula de brincadeira" e "aula com brincadeira". Para ela, a brincadeira não é o objetivo final, mas uma ferramenta poderosa para tornar o aprendizado mais atraente e eficaz, respeitando o ritmo e as necessidades de cada aluno.
Fernanda explica que seu objetivo é ensinar de maneira segura, independentemente da idade. “Eu ensino a andar com segurança na rua, frear, não se assustar com o movimento, cair e levantar”, afirma. A proposta das aulas na escola é garantir que o aluno consiga patinar com confiança, sem precisar se preocupar em se tornar um atleta ou realizar apresentações, a menos que deseje.
Além de ensinar a técnica, ela também foca em oferecer segurança e confiança, algo essencial para adultos que, muitas vezes, alimentam o sonho de patinar desde a infância. “Muitos desses alunos que fazem aulas atualmente tinham esse sonho de patinar quando eram crianças, ou adolescentes. Mas naquela época optaram por um caminho errado, que é comprar patins e ir na rua se aventurar. No primeiro segundo que ele levantava, ele já caía, se machucava e nunca mais colocava patins nos pés. Isso acabou gerando um trauma”, reflete.
Trazer a abordagem lúdica para as aulas tem conquistado pessoas de diferentes faixas etárias, criando uma oportunidade para aqueles que nunca aprenderam a patinar, mas sempre tiveram vontade de tentar. Para a professora, a chave é ensinar com segurança e paciência, para que o aluno consiga se desenvolver sem receios, e assim, tenha uma experiência positiva desde o primeiro contato com o esporte.
Conforme Fernanda, a patinação oferece uma série de benefícios, independentemente da idade, abordando aspectos como lateralidade, equilíbrio e coordenação, algo que nem todos os esportes conseguem atingir de maneira tão eficaz. Fernanda destaca que seu método de ensino torna a experiência mais divertida, o que torna o aprendizado ainda mais envolvente. Para adolescentes e adultos, a patinação é um exercício completo, que trabalha a parte cardiovascular e a queima de calorias. "Geralmente, uma hora de aula elimina cerca de 400 a 450 calorias, o que é muito em comparação com atividades em uma academia", explica.
Além disso, a patinação fortalece os membros inferiores, pois o patim pesa aproximadamente 1,2 kg por pé. Isso contribui para o fortalecimento de pernas e abdômen, enquanto a prática também traz benefícios psicológicos. "Você sai da aula muito mais leve, deixando todos os problemas para trás. Quando você está patinando, precisa focar no que está fazendo, e isso ajuda a deixar a mente mais tranquila", destaca a professora.
Segundo Fernanda, um dos maiores desafios enfrentados pelos professores de patinação é a dificuldade de encontrar espaço físico adequado para as aulas. "Até o campeão mundial de patinação, hoje treina numa quadra pequena na Itália porque também não tem espaço”, comenta.
Fernanda revela que constantemente precisa "bater de porta em porta" para conseguir um ginásio ou espaço adequado para realizar os treinos ou apresentações, mas as respostas costumam ser negativas. "Eu tenho alunos, mas não tenho espaço", lamenta. Além disso, ela explica que ainda há muitos paradigmas em relação à patinação, como a crença de que as rodas podem danificar o piso das quadras. "Isso não existe mais, as rodas de hoje têm tecnologia avançada, e uma criança ou até um adulto não tem como destruir uma quadra", afirma.
Em 2023, Fernanda fundou a Liga Nacional de Clubes e Escolas de Patinação (Lincep), uma organização voltada para a promoção do esporte em todo o Brasil. A liga tem como objetivo desenvolver projetos em várias regiões, especialmente na região Sul de Santa Catarina, buscando oferecer aulas gratuitas em comunidades e escolas. "A gente busca recursos da iniciativa privada, além de apoio municipal e estadual, para viabilizar esses projetos", explica.
“A liga está preparada para a gente poder trabalhar também nessa questão de projeto, para chegar na população que nem eu, que não pude pagar uma aula. Queremos levar isso para as crianças, para que elas também tenham acesso ao nosso esporte, à nossa arte”, refletiu a presidente da organização.
Para o futuro, Fernanda sonha com um espaço próprio para a patinação, um rinque onde todos possam praticar aos finais de semana, e também com a criação de uma pista pública de patinação em parques da região, permitindo que mais pessoas possam vivenciar a experiência de patinar ao ar livre. "Vejo muitos alunos apaixonados, e queremos expandir ainda mais, dando oportunidade a quem não pode pagar uma aula", conclui.
Os interessados em conhecer mais sobre a escola Fernanda Amaral Patinação, podem acessar o Instagram clicando aqui.
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