Por Marcelo De Bona - marcelodebona@engeplus.com.br
Em 06/09/2017 às 18:05O roqueiro Supla será a grande atração da noite desta quarta-feira no Maverick Bikerspub, em Criciúma. O cantor e compositor, de 51 anos, que completou 30 anos de carreira em 2016, promete levar ao público do Sul do Estado a mesma apresentação feita por ele em grandes festivais, como o Lollapalooza e Rock in Rio.
“O show que faço tem a mesma intensidade. É um show internacional, minha banda está afiada. Faço pela minha ambição, no sentido de ter muito amor pelo que faço. De ter orgulho do meu trabalho. Toco os sucessos da minha carreira, mais algumas músicas que me influenciaram, clássicos do rock, e músicas do meu novo álbum, lançado no começo do ano: Diga o que você pensa. Algumas outras músicas ainda não lançadas, como Waiting in Tokyo”, conta.
Supla esteve em Criciúma pela primeira vez em 1987, na época com a Banda Tokyo, dos hits musicais: Humanos, Garota de Berlim, e Metralhar e Não Morrer. “Voltei faz uns três anos para tocar em uma festa fechada. Hoje o pessoal poderá ver a minha banda completa, estamos vindo de uma turnê nos Estados Unidos. Tocamos em um festival gigante, o It's Not Dead. Acho que é o maior festival punk que já teve, foi em San Bernardino, na Califórnia”.
O roqueiro, de personalidade forte, é conhecido por não ter papas na língua. “Acho bem importante dizer o que penso, falar as coisas que acredito, tenho a minha opinião. Mas também sei ouvir as outras opiniões, respeitar, não ser soberbo, se achar acima de ninguém. Mas é importante falar o que você acredita e não ser mais um pau mandado. Às vezes, falando a verdade uma porta fecha, mas outras abrem”, destaca.
Uma prova do perfil de Supla é o seu último álbum, Diga o que você pensa, que conta com várias músicas contestadoras. O próximo disco do artista já está sendo produzido e conta com alguns singles. “Waiting in Tokyo é o meu último single, recebi hoje o vídeo, em desenho animado, daqui a pouco será lançado. O álbum contará com todas as músicas em português e inglês. É um trabalho dobrado, bem complicado. É preciso colocar a cabeça para pensar, colocar a rima e melódia sem alterar o contexto da música. Em breve, será finalizado. Nessa turnê nos Estados Unidos, de 14 dias, fiz cinco músicas. Talvez uma ou duas entre nesse novo álbum”, adianta.
A apresentação de Supla terá início por volta da meia-noite. O Maverick abrirá suas portas às 18 horas. A primeira atração da noite será Érick e Rodrigo (Rock), às 21 horas. Na sequência, Vigário Jack comandará a festa. Os ingressos custam R$ 30.
Confira abaixo outros temas da entrevista concedida por Supla ao Portal Engeplus na tarde desta quarta-feira:
Situação política do Brasil
“É só safado. Tanto PT, PSDB, PMDB, todos os partidos, infelizmente, se envolveram. A vontade é dar um berro de anarquia, de revolta. É muito triste o momento do Brasil. Muita gente sem ter o que comer. Não quero ouvir papinho de político. Isso vale para todos, minha mãe, meu pai, qualquer pessoa. Uma boa parte do Congresso poderia sair. Não sei qual a solução. Mas privatizar não seria a solução, não é por ai. Pode ser apenas um pano para disfarçar. O dinheiro a gente tem, mas está indo para a ladroagem. Teria que ser bem aplicado, colocar comida na mesa, não adianta ter edução se a criança não tem comida na barriga, não consegue nem raciocinar. É complicado. Não sei qual a solução. Seria preciso um grande estudo”
Democracia
“Nenhum partido deveria se manter no poder por mais de quatro anos. Deveria haver alternância e manter o que está funcionando e ainda tentar melhorar. Acho que quebraria esse sistema corrompido. A maioria das pessoas entra na política por interesse, enquanto deveria entrar somente quem gostaria de ajudar. Fazem tudo pelo poder, tudo pelo dinheiro, ganância. O povo quer andar com as suas próprias pernas, ter dignidade. Ninguém quer morar na rua, estão lá por necessidade”
Pretensão política no futuro
“Faço política com a minha música. No Congresso não tenho pretensão. Mas nunca digo dessa água não beberei. Já tive milhões de oportunidades de ser político. Alguns artistas se elegeram, se o cara quiser contribuir para a sociedade ele tem todo o direito. Não sou contra. Não tenho preconceito. Dou muito valor para as pessoas que nunca tiveram nada e conseguiram fazer algo na vida. Eu tive uma boa condição, outros não tiveram nada. Mas isso também não tira o meu mérito, porque não é o meu pai e minha mãe que estão cantando. Nem tendo as minhas atitudes”
Supla 24 horas por dia
“Sou assim, as pessoas me abordam bastante. Me tratam como celebridade, porque já fiz filme, novela, reality show. Lá fora é mais tranquilo, apesar de sempre encontrar muitos brasileiros, sou conhecido mais no cenário underground”
Dificuldade de se manter no mercado por tanto tempo
“É difícil. Mas faço porque amo, corro atrás. Muita gente que começou na mesma época que eu não existe mais. Tomei decisões complicadas, fiquei sete anos longe do Brasil”
Livro lançado em 2016. 'Supla: crônicas e fotos do Charada Brasileiro'
“São 50 cronicas. Fiz um registro dos meus 50 anos de idade e 30 de carreira. Ele conta desde a minha infância, a relação com meus pais, o rock dos anos 80, ter tomado tiro em Nova Iorque, até o álbum Diga o que você pensa. No livro o leitor vê a foto e a história escrita por quem a viveu”
Influência da música
“As palavras têm força. As coisas que você fala. As pessoas podem pensar. Mas também gosto da música que não fala nada. Música não é só falar sobre política, ou qualquer coisa. Você fala o que quiser e bate no coração da pessoa também como ela quiser. Tento ser o mais honesto possível, contar minhas histórias, passar mensagens. Cada um ouve o que gosta, é preciso respeitar todos os gêneros”
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