No Limite do Fato

O silêncio vale ouro e pode ser um argumento demolidor

Indicam fraqueza: calar-se quando é preciso falar e falar quando é preciso calar

Por Aderbal Machado - aderbal.machado@engeplus.com.br

Em 05/03/2021 às 09:46
imagem da noticia

Alguns ditados sobre silêncio ou calar a boca.

  • Duas coisas indicam fraqueza: calar-se quando é preciso falar e falar quando é preciso calar-se.
  • A sabedoria chinesa ensina: temos uma boca e dois ouvidos pra falar menos e ouvir mais. 
  • O peixe morre pela boca.
  • Perder chance de calar pode ser fatal.
  • Quem não entende um olhar, não entenderá uma longa explicação.

Os ditados se multiplicam. E a verdade permanece: há silêncios ensurdecedores, como se costuma dizer. Muitas vezes o silêncio é um argumento demolidor.

Pois conto-lhes uma historinha do folclore político brasileiro para materializar isso tudo. Há uma música lindíssima intitulada "Silence is Golden" (Silêncio Vale Ouro) OUÇA:

O folclore e a historinha sobre calar a boca:

Marechal Dutra, o calado

O folclore político registra que o Marechal Dutra, que disputou a eleição presidencial contra o Brigadeiro Eduardo Gomes em 1950 e apoiado por Getúlio, recém deposto, falava muito pouco por conhecer seus limites oratórios. Quase nada. O brigadeiro, por sua vez, era falastrão, mas era péssimo orador. De tal modo que a cada palavra, perdia votos. Dutra venceu sem um único discurso.

Mais tarde, 1960, outro militar, um general, Henrique Lott, enfrentou Jânio Quadros, hábil político e orador ferino e envolvente. Lott, grande brasileiro e democrata (garantiu a posse de Juscelino em 1955 no fio da espada), também gostava de falar, mas era outro péssimo orador. A cada discurso, perdia votos.

Há uma passagem em SC e justo no Araranguá. Quando aqui veio, Jânio, que ficou acantonado na casa do então deputado e líder político da velha UDN, Afonso Ghizzo, ao lhe ser indicado um comício numa certa cidade da região, perguntou: "O general já foi lá? Se foi, eu não vou; ele já perdeu os votos".

O comício de Jânio no Araranguá foi na confluência da Avenida Getúlio Vargas com a Sete de Setembro, com forte presença de público.

Pois, na agonia e ao ser informado que perdia votos dia após dia (pois ninguém ousava lhe dizer o real motivo), Lott consultou Dutra, pra saber o que fazer para reconquistar o eleitorado. Dutra foi seco, experiente na arte que era pela experiência de 1950: "Cala a boca". Tarde demais.

==

Poderia servir de modelo ou lição para alguns políticos de nosso tempo, não? Claro, nem só políticos...

Leia mais sobre:

Circuito PET.

Receba as principais notícias de
Criciúma e região em seu WhatsApp.
Participe do grupo!

Clique aqui

Confira mais de No Limite do Fato