Por Redação
Em 12/03/2017 às 18:05ESPECIAL / Darlete Cardoso
À primeira vista, Berlim parece ser uma cidade grande como outra qualquer. Mas é só impressão. Já nas primeiras caminhadas por suas ruas, praças e parques não têm como não pensar que 80% delas viraram cinzas e escombros e que os poucos prédios que ficaram de pé eram carcaças carbonizadas pelas bombas dos Aliados e dos soviéticos na Segunda Guerra.
A capital alemã é próspera, com um dos PIBs mais altos do mundo; culta, considerada uma cidade multicultural que recebe gente de todas as partes do mundo. É também histórica já que luta há pouco mais de 70 anos para se reconstruir da guerra e há quase 30 para recuperar a unidade e a dignidade após a queda do muro.
Terceiro Reich, Nazismo, Holocausto e Muro de Berlim são marcas entranhadas em suas avenidas e edifícios modernos. E ela faz questão de exibir as cicatrizes da barbárie que a levou à Segunda Guerra Mundial, assim como as sequelas da divisão Leste e Oeste do pós-guerra. Talvez como uma advertência para que não repita a história.
Bairro Boxhageber
Bairro Kreuzberg
Bairro Neukölln
Marion Grafin Donhoff Platz
Monumento Rio Spree
Ponte Oberbaumbrücke
Departamento de Justiça
Rio Spree
A TRAGÉDIA DO NAZISMO
O interesse em conhecer Berlim veio da vontade de ter contato com sua história, em especial. O primeiro ponto de parada foi o Check Point Charlie, nome dado pelos Aliados a um posto de controle militar entre a Alemanha Ocidental e a Alemanha Oriental depois da construção do muro. Está sempre cheio de turistas fazendo fotos com pessoas vestidas de soldados.
Check Point Charlie
A 350 metros de distância está o museu Topografia do Terror, construído na área onde estava o prédio da Gestapo, a polícia secreta nazista responsável pelo Holocausto. Destruído na guerra, sobrou apenas uma parte das fundações onde existiam celas e salas secretas. Nelas, mais de 15 mil pessoas foram interrogadas e torturadas. Outro ponto que a Alemanha faz questão de manter.
O museu, em frente, mostra em detalhes a ascensão e queda do nazismo em um moderno prédio, mas sóbrio e silencioso, com entrada gratuita. Um ponto negativo é que os textos estão em alemão, com pequeno resumo em inglês, assim como em diversos outros pontos turísticos.
A quantidade de fotos, todavia, é imensa e, assim, totalmente compreensível para conhecer um pouco mais do período em que Hitler ditou o destino do mundo e das pessoas.
Museu Topografia do Terror
Outro local para relembrar essa história é o Memorial aos Judeus Mortos da Europa, ou simplesmente, Memorial do Holocausto, monumento que simboliza um cemitério com 19 mil m2 cobertos por 2.711 blocos de concreto aparente, com tamanhos variados e que medem entre 0,50 e 4,50 metros de altura.
É um local de reflexão em homenagem aos seis milhões de judeus assassinados durante o Terceiro Reich.
Memorial do Holocausto
Próximos do memorial, dois marcos de Berlim, mesmo carbonizados durante a guerra, ficaram de pé e a engenharia foi capaz de recuperar: o Portão de Brandemburgo e o Palácio do Reichstag. O primeiro, símbolo de Berlim, foi construído em 1791 como porta de entrada da cidade. Não o exploramos pois seu entorno estava interditado para os preparativos da festa de Réveillon.
Já no segundo, o Reichstag, funciona o parlamento alemão. O prédio histórico funcionou até o início do Terceiro Reich quando um incêndio criminoso o danificou seriamente e serviu de pretexto para forte repressão por parte dos nazistas. Com a reunificação, o Reichstag foi restaurado e ganhou uma cúpula de vidro que pode ser visitada.
Portão de Brandemburgo
Reichstag / Parlamento alemão
Pedaços do muro que rasgou Berlim ao meio estão espalhados em vários pontos da capital alemã, como na Potsdamer Platz, uma das praças mais famosas da cidade. Um painel mostra essa história recente e está firmado sobre uma base com pedras do muro, que de 1961 até 1989 dividiu o território ocidental, sob o controle dos países aliados (americanos, franceses e ingleses) que formaram a República Federal da Alemanha, e o oriental, sob o domínio dos russos e que compunha a República Democrática Alemã.
Marcas do Muro de Berlim
O pedaço mais extenso, com 1.100 metros, é na East Side Gallery. A denominação se deve ao fato de ter virado uma galeria a céu aberto com grafites de artistas do mundo inteiro. Milhares de turistas param em frente aos painéis para as tradicionais fotos.
Um dos grafites mais fotografados é o beijo entre o líder soviético Leonid Brejnev e o presidente comunista alemão Erich Honecker, cena que aconteceu de verdade durante a comemoração dos 30 anos de fundação da Alemanha Oriental.
Entre outros painéis icônicos está o do Trabant, considerado o fusquinha comunista, rompendo o muro.
EXPLORANDO A CIDADE
Berlim, contudo, tem muito mais que as heranças da guerra. Ficamos cinco dias e meio, o suficiente para sentir a cidade. Os dois primeiros para se situar. Afinal, tem mais de 3,5 milhões de habitantes e nomes de ruas, bairros e estações de metrô difíceis de pronunciar. Depois a gente pega o jeito e entende melhor a sua dinâmica. Acaba descobrindo que os lugares planejados para visitar não são tão longe uns dos outros. Fizemos boas caminhadas de exploração.
Bem no centro do Tiergarten, uma área verde com 200 hectares – que em pleno inverno não estava tão verde assim - fica o imponente monumento Siegessäule, Coluna da Vitória. No local, há um minimuseu, passagens subterrâneas e também uma plataforma com 285 degraus, de onde é possível ter uma excelente vista de Berlim.
Tiergarten
Coluna da Vitória
Vale uma visita ao Palácio de Charlottenburg para saber um pouco da história da monarquia alemã. A Rotes Rathaus, um dos cartões-postais de Berlim, sede da prefeitura e da câmara de vereadores, localizada bem pertinho da Alexanderplatz, é outro local bem movimentado com diversas atrações, restaurantes e forte comércio.
Palácio de Charlottenburg
Rotes Rathaus
Alexanderplatz
Na Alexanderplatz está a Torre de TV, em alemão Berliner Fernsehturm, outro símbolo de Berlim, construída bem no centro da antiga Berlim Oriental. Quem tiver paciência para encarar uma fila quilométrica, pode subir os seus 203 metros e ter uma visão de Berlim do alto da plataforma panorâmica.
Torre de TV
Logo adiante da Alexanderplatz, encontra-se a Marienkirche ou Igreja de Santa Maria, uma das igrejas mais antigas de Berlim. Seguindo em direção ao Rio Spree, as estátuas de Marx e Engels – os filósofos do Manifesto Comunista - contemplam o ocidente e é outro ponto de parada para as tradicionais fotos.
Marienkirche / Igreja de Santa Maria
Estátuas de Marx e Engels
Na mesma direção, fica o conjunto de prédios da mais antiga universidade de Berlin, a Humboldt, lar de 29 ganhadores do Prêmio Nobel, fundada em 1810. Entre os ex-alunos famosos, Marx, Engels, Hegel, Bismarck, Schopenhauer, Walter Benjamin, Saussure, Max Weber, Einstein, incluindo a presidente do Chile, Michelle Bachelet.
Universidade Humboldt
Às margens do Rio Spree, vale conhecer o museu DDR (Deutsche Demokratische Republik), onde se revela o modo de vida de uma família no lado Oriental da Alemanha. É uma divertida experiência para adultos e crianças, pois é bem interativo. Ao abrir gavetas e armários, além dos equipamentos de uma casa de verdade, você pode ler sobre a história e até mesmo simular dirigir um Trabant, o popular automóvel da Alemanha comunista.
DDR Museum
Ao atravessar a ponte está a chamada Ilha dos Museus - declarada patrimônio mundial pela Uneco - e a Catedral de Berlim. Mas prepare-se para as filas gigantes se quiser conhecer tanto a catedral por dentro ou visitar um dos cinco museus, o Pergamon, o Bode, a Alte Nationalgalerie (Antiga Galeria Nacional), o Altes Museum (museu antigo) ou o Neues Museum (museu novo).
Catedral de Berlim
Ilha dos Museus
O Museu das Comunicações – que não tem filas - no bairro Mitte merece ser visitado. Equipamentos e documentos contam desde a comunicação humana de tempos remotos à era digital, também com bastante interatividade. Além disso, conhecer o belo prédio por dentro compensa por si só.
Museu das Comunicações
Terminar um dos dias assistindo a um concerto da orquestra mais famosa do mundo é uma experiência e tanto. Eu tive a felicidade de conseguir comprar, com antecedência, claro, ingressos para uma das apresentações do Concerto de Ano Novo da Orquestra Filarmônica de Berlim, regida pelo maestro inglês Simon Rattle. Como durante o concerto as fotos são proibidas, o que é muito justo, não resisti em registrar a belíssima sala antes de começar a apresentação.
Outra coisa que não se pode deixar de fazer em Berlim é tirar uma foto em uma das cabines Photoautomat espalhadas por todos os cantos da cidade. Por 2 euros você terá quatro selfies à moda antiga. Elas ficam prontas em cinco minutos. Vale a diversão porque tem que ser ligeiro dentro da cabine senão a gente perde poses.
FEIRAS DE NATAL
Ótimos locais para se integrar à vida da cidade a quem visita Berlim no fim do ano são os Mercados de Natal montados nas principais praças. Famosas, fazem parte da tradição alemã. Aproveitamos bastante já que só são desmontadas no dia 1º do ano. Dizem que em Berlim tem pelo menos uns 50 mercados em toda a cidade. No centro, dá para curtir os da Alexanderplatz, Potsdamer, Gendarmenmarkt ou Breitscheidplatz, como fizemos.
Mercados e feiras de Natal da Potsdamer
Gendarmenmarkt
Em todos os Mercados de Natal, assim como nos principais pontos turísticos da cidade, tinha bom policiamento e blocos de concreto protegiam os locais. Afinal, 10 dias antes, em 19 de dezembro, havia ocorrido o atentado na Breitscheidplatz, quando um caminhão com explosivos invadiu a feira. Em diversos pontos da praça, as pessoas deixam flores e velas em homenagem à vitimas.
É nessa praça que está um dos monumentos mais simbólicos da destruição na Segunda Guerra, a Gedächtniskirche, popularmente chamada Igreja Quebrada. Foi bombardeada e praticamente destruída, restando apenas a torre, que Berlim faz questão de manter.
Homenagens na Igreja Quebrada
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