Por Rafaela Custódio
Em 01/11/2024 às 12:28O prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro (PSD), retornou ao Paço Municipal Marcos Rovaris na manhã desta sexta-feira, dia 1° de novembro, após 59 dias. Com apoiadores, servidores municipais, autoridades locais e estaduais, ele relembrou os momentos que foi preso no dia 3 de setembro pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco). O chefe do Poder Executivo criciumense ainda afirmou que foi acorrentado dos pé à cabeça na Penitenciária Sul.
“Muito obrigado ao Poder Judiciário por devolver para os meus filhos o pai. Muito obrigado ao Poder Judiciário por devolver para a minha mulher o marido, que ficou 24 dias longe, afastado, passando por um momento das piores provações que o ser humano pode passar. Que quando bateram lá em casa pela segunda vez, às 6 horas, quase que sem acreditar, com um mandado de prisão, eu disse: 'meu Deus, não pode isso’. Tanto que trabalhamos pela cidade, tanto que deixei e renunciei muitas vezes de sair com a família para ficar junto do cidadão criciumense. Será que é isso? Mas era uma provação”, afirmou.
Ele revelou que durante a prisão pensou em se matar. “Lembro como se fosse hoje. No quarto, às 7 horas, chamei um oficial e disse: “por favor, tire dali uma arma, que eu tenho uma arma e posso fazer uma loucura”. Ele respondeu questionando o que era isso e eu falei “não, não é com vocês. É comigo mesmo”. Porque a gente não é desse mundo”, contou. “A gente é de outro mundo, do trabalho. Meu pai nos ensinou a trabalhar. Depois de 135 anos, que chegaram os ‘Salvaros’ da Itália, fui o primeiro preso”, acrescentou.
Penitenciária Sul
Salvaro afirmou que passou muita humilhação na Penitenciária Sul. “A minha fala serve como uma denúncia à Comissão de Direitos Humanos na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc). Não é possível acorrentar alguém, réu primário, alguém com residência fixa, acorrentar os pés, as mãos, jogar em uma sala fechada, trancada, e dizendo, aqui tem três garrafas d'água e não tem água aqui. Deixe a torneira aberta, porque a hora que vier água você enche a garrafa. E a água só vem das 11h30 ao meio-dia. Depois, para audiência de custódia, me colocaram novamente algemado e acorrentado numa cabine e quase que ali eu enfartei, como se eu fosse o maior dos traficantes, um estuprador, alguém que não merece estar no convívio da sociedade. Depois da audiência de custódia, então me levaram para Itajaí”, detalhou.
O prefeito de Criciúma relatou que sentiu medo de como seria em Itajaí. “Após a audiência de custódia eu fui para Itajaí e pensei que seria meu fim. Não, foi o contrário. Lá eu fui tratado com dignidade. Não tive privilégio, mas fui tratado com dignidade. E hoje, depois de 24 dias, aliás, difíceis, escrevi o meu diário”, contou.
Choro
O chefe do Poder Executivo de Criciúma garantiu que chorou todos os dias. “Aliás, chorava muito pelo momento que eu estava passando, pela vergonha que a minha família estava se submetendo, pelos oportunistas de plantão, pelos covardes, que se aproveitam deste momento para tirar proveito. Mas a urna, esta não mente, esta não trai, esta confere”, finalizou.
Após as falas de Salvaro, a Secretaria de Estado de Administração Prisional (SAP) de Santa Catarina também se manifestou sobre o assunto por meio de uma nota. O texto rebate as acusações feitas pelo prefeito e argumenta que os procedimentos adotados nas prisões seguem metodologias para garantir a segurança e integridade física dos detentos e dos policiais penais. A nota completa que “não há distinção entre as pessoas custodiadas, independente de sua posição social ou crimes que tenham cometido”.
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