Por Redação Engeplus
Em 25/06/2025 às 13:40A transformação digital chega à construção civil
A construção civil é um setor historicamente associado à engenharia tradicional, à gestão de grandes projetos e ao uso de materiais físicos como cimento, aço e vidro. No entanto, a transformação digital não deixou os canteiros de fora. Com a chegada de novas tecnologias, os engenheiros têm olhado para além da obra física, explorando como ferramentas digitais podem otimizar custos, prazos e processos de pagamento.
Entre essas tecnologias emergentes, as criptomoedas e os ativos digitais vêm despertando atenção crescente entre profissionais da engenharia. O que antes parecia distante da rotina do engenheiro agora surge como uma possibilidade real de inovação dentro dos próprios canteiros de obras.
No centro dessa discussão está o bitcoin, a criptomoeda mais conhecida do mundo. Para engenheiros que atuam em projetos de grande escala, com múltiplos fornecedores e prazos apertados, a agilidade e rastreabilidade proporcionadas por moedas digitais representam um diferencial competitivo com potencial real de aplicação no dia a dia.
O que atrai engenheiros para o mundo cripto
Engenheiros, por natureza, são solucionadores de problemas. E os canteiros de obras são ambientes complexos, onde a gestão de recursos financeiros pode gerar atrasos, falhas na comunicação ou dificuldades logísticas. Por isso, faz sentido que cada vez mais profissionais do setor estejam a explorar como as moedas digitais podem resolver gargalos operacionais.
Alguns dos principais atrativos são:
- Transferência instantânea de valores entre empresas, fornecedores ou prestadores de serviço
- Redução de taxas bancárias e burocracias, principalmente em transações internacionais
- Possibilidade de contratos inteligentes, que automatizam pagamentos com base na conclusão de etapas da obra
- Diversificação de investimentos das empresas construtoras, com maior proteção frente à inflação
Blockchain além do pagamento
A inovação mais relevante por trás das criptomoedas é a tecnologia blockchain. Esta estrutura descentralizada e imutável permite registrar transações de forma transparente e segura. No setor da construção, isso pode ser aplicado para muito além dos pagamentos em criptoativos.
Por exemplo, contratos inteligentes podem ser programados para liberar fundos automaticamente quando determinadas fases de um projeto forem concluídas e validadas. Isso reduz riscos de inadimplência, aumenta a confiança entre as partes e agiliza os fluxos financeiros.
Além disso, a rastreabilidade do blockchain pode ser utilizada para:
- Registrar a origem dos materiais de construção
- Acompanhar o histórico de manutenção de equipamentos
- Garantir conformidade com normas ambientais e de segurança
- Criar históricos digitais de imóveis, com dados estruturais e técnicos
Financiamento de obras com ativos digitais
Outro uso inovador que tem ganhado destaque é o tokenização de ativos imobiliários. Por meio de plataformas baseadas em blockchain, um projeto pode ser fracionado em pequenos tokens digitais que representam parte da obra. Investidores compram esses tokens e recebem rendimentos proporcionais à valorização ou venda futura do imóvel.
Este modelo de financiamento pode beneficiar pequenos investidores e empresas do setor que procuram novas formas de levantar capital sem depender inteiramente de bancos ou fundos tradicionais.
Pagamento de trabalhadores com cripto?
Embora ainda seja um tema sensível, há empresas que já começaram a testar o pagamento parcial de colaboradores com moedas digitais. Em regiões com baixo acesso bancário ou com dificuldades logísticas, isso pode representar uma solução prática e inclusiva.
Para os trabalhadores, há vantagens como:
- Recebimento imediato e sem intermediários
- Maior controle pessoal sobre o valor recebido
- Possibilidade de conversão direta para moedas locais via apps ou cartões pré-pagos
No entanto, é importante garantir que a utilização de criptoativos siga boas práticas de transparência, conversão estável e educação financeira para evitar riscos desnecessários.
Educação digital e formação profissional
Para que esse movimento ganhe tração, é essencial preparar os engenheiros do presente e do futuro. As universidades e escolas técnicas já começam a incluir temas como blockchain, smart contracts e finanças digitais nos seus programas de formação, preparando os profissionais para um mercado cada vez mais conectado.
Além disso, empresas de engenharia podem oferecer formação interna sobre o uso estratégico de criptomoedas, ajudando gestores e engenheiros a entender os riscos, vantagens e aplicações práticas das moedas digitais nos seus projetos.
Os desafios a superar
Embora as vantagens sejam promissoras, ainda existem barreiras importantes à adoção ampla de moedas digitais na construção civil. Entre os principais desafios estão:
- Volatilidade do mercado cripto, que pode afetar previsibilidade orçamental
- Falta de regulamentação clara em muitos países
- Resistência cultural por parte de empresas mais tradicionais
- Segurança digital, que exige cuidado com carteiras digitais e autenticações
No entanto, à medida que o mercado evolui e se torna mais regulado e estável, espera-se que essas dificuldades sejam gradualmente superadas.
Um novo olhar sobre o dinheiro no canteiro
A adoção de moedas digitais pelos engenheiros representa mais do que uma tendência passageira. Trata-se de um reposicionamento estratégico do setor da construção em relação às finanças e à tecnologia. Profissionais que souberem aproveitar estas ferramentas com conhecimento técnico e responsabilidade estarão mais bem preparados para liderar projetos modernos, eficientes e financeiramente otimizados.
O canteiro de obras do futuro será tão digital quanto físico — e os engenheiros que acompanharem essa mudança estarão à frente na construção de um mercado mais ágil, transparente e inovador.
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